Hibiscus
(Hibiscus sabdariffa)
Por: Rose Aielo Blanco*
O Hibiscus sabdariffa L. é
um arbusto perene da Família das Malváceas que pode
atingir cerca de 2 a 3 metros de altura. Pertence ao gênero
Hibiscus, que compreende cerca 200 espécies de plantas. De origem
africana e asiática, é conhecida popularmente como hibisco,
hibiscus, rosela, groselha, azedinha, quiabo azedo,
caruru-azedo, caruru-da-guiné e quiabo-de-angola, além de
receber outros nomes como cardadé, rosa da Jamaica, té de
Jamaica (espanhol); red sorrel ou Jamaica sorrel (inglês);
cardade (italiano); afrikanische malve (alemão) ou roselle
(francês).
As diferentes partes
da planta têm várias utilidades. As folhas são ricas em
vitaminas A e B1, sais minerais e aminoácidos. Quando ainda estão
bem jovens e tenras, as folhas podem ser consumidas em saladas
cruas; depois, um pouco mais velhas podem ser refogadas ou
se tornar um ótimo ingrediente para o preparo de cozidos,
sopas, feijão e arroz. O cálice vermelho tem um sabor
azedinho e contém ácidos cítricos, hibístico, málico e
tartárico. O cálice pode ser usado na fabricação de geléias,
doces, picles, vinho, vinagre, sucos e também no preparo de um
excelente chá. Para o preparo do suco são utilizados os
cálices crus ou cozidos, que são triturados no
liquidificador com água, depois é só coar e adoçar a
gosto. O cálice triturado é aproveitado para o preparo de
geléia ou doce. Já o chá é obtido a partir do cálice seco à sombra.
As sementes possuem 17% de óleo e 25% de proteína.
A planta como ela é...
O Hibiscus sabdariffa é
um arbusto anual e semi-lenhoso. Nas plantas novas, as
folhas são inteiras e simples, mas depois, com o seu
crescimento, as novas folhas são recortadas, formando de 3 a 5
lóbulos. Existem seleções com maior ou menor quantidade e tamanho
de folhas, nas cores verdes ou avermelhadas. As flores
apresentam os dois sexos na mesma flor (hermafroditas). As
flores são axilares, formadas ao longo da haste da planta
e podem ser amarelo-pálidas, rosa-arroxeadas ou
purpúreas. Os cálices são carnosos e vermelhos, com mais
ou menos 2 centímetros de comprimento, e recobrem os frutos
ovais onde estão as sementes.
Vale lembrar que
este hibisco não é o hibisco ornamental tão comum nos
jardins do Brasil, conhecido popularmente como hibisco-da-china ou
rosa-sinensis.
Cultivo
Por se tratar uma
planta adaptada ao clima quente, se desenvolve bem em
temperaturas superiores a 21ºC. O solo ideal para o cultivo deve ser
bem drenado, profundo e com alto teor de matéria orgânica.
Quanto à adubação,
recomenda-se apenas adubo orgânico, sendo indicado colocar
2 litros de composto orgânico ou húmus de minhoca por cova antes do
plantio. Àmedida que a planta for se desenvolvendo, pode-se
fazer adubações de cobertura utilizando os mesmos adubos,
só que desta vez colocando-os a 10 cm do colo da planta.
Não há necessidade de usar agrotóxicos em nenhuma fase do
cultivo.
Usos
Na medicina popular o Hibiscus sabdariffa é
usado como anti-espasmódico, anti-inflamatório, redutor
da hipertensão, antioxidante natural, afrodisíaco,
diurético, laxante suave e auxiliar nas dietas de emagrecimento. Também
há indicações de seu uso popular para combater problemas
respiratórios, bronquites, gripes e resfriados, gastrite e
afecções da pele.
As flores do Hibiscus sabdariffa são
ricas em mucilagem, uma mistura complexa de
polissacarídeos que se transforma numa fibra gelatinosa
quando a água é adicionada.
O chá obtido a
partir do cálice da flor contém polissacarídeos em boas
quantidades, além de conter também concentrações elevadas de flavonóides
- reconhecidos como protetores contra os radicais livres.
Rico em cálcio, magnésio e ferro e nas vitaminas A e C, o
hibiscus contém também fitoquímicos, altos teores de
antocianinas, ácido tartárico, málico, cítrico e
hibístico, fitosteróis, além de quantidade significativa
de fibras alimentares.
O chá de hibiscus
ganhou uma fama adicional recente: a de emagrecedor. Isso
porque, a exemplo do chá verde, ajuda a estimular o metabolismo,
tem ação digestiva e diurética, ajuda a reduzir o colesterol
ruim. No caso do hibiscus há também a propriedade de
auxiliar a reduzir as taxas de lipídios e glicose totais
no sangue, colaborando na prevenção do desenvolvimento do
diabetes tipo 2.
A ação diurética do
hibiscus transformou a planta numa grande aliada das
mulheres na luta contra uma inimiga implacável: a celulite. O
chá preparado a partir do cálice do hibiscus ajuda a diminuir a
retenção de líquidos, uma das responsáveis pela formação e
agravamento da celulite.
Já o poder
antioxidante do hibiscus também tem explicação: a boa dose
de antocianinas, que são pigmentos dão uma variedades de cores
atrativas de frutas, flores e folhas que variam do vermelho ao
azul. São da classe dos flavonóides e responsáveis pelo
potencial antioxidante das frutas vermelhas.
Para obter melhores
benefícios dos fitoquímicos desta planta, recomenda-se
consumir de preferência o hibiscus cultivado de forma orgânica, pois
estudos revelam que a quantidade fitoquímica produzida está
associada ao stress sofrido pela planta. Isso significa,
portanto, que vegetais orgânicos - por serem menos
protegidos - podem conter maiores quantidades desses
fitoquímicos. Estas substâncias são especialmente importantes
nos quadros clínicos de câncer: várias pesquisas confirmam o poder
fitoquímico relacionado à prevenção dessas doenças.
Curiosidades
Alguns estudos sugerem que o Hibiscus sabdariffa,
mediante vários mecanismos, ajuda a normalizar a pressão
arterial, funcionando também como um excelente diurético.
Os cálices do Hibiscus sabdariffa são
colhidos enquanto ainda estão tenros e suculentos, cerca
de 10 dias antes do surgimento das flores.
Na região Nordeste do Brasil, principalmente no estado do Maranhão, as folhas do Hibiscus sabdariffa
(lá conhecido como "vinagreira ou azedinha") são usadas
no preparo de diversos pratos típicos da culinária,
especialmente o cuxá. A vinagreira é um ingrediente
essencial para o preparo do cuxá, responsável pelo sabor e cor da
receita. Quando a vinagreira é colocada na proporção inadequada o
sabor é fortemente afetado. Sobre o preparo do
arroz-de-cuxá, um dos pratos típicos mais famosos na
região, é muito comum se ouvir: "para acertar o
arroz-de-cuxá, só tem um jeito: é a dose certa de vinagreira
ou azedinha". Para quem desejar experimentar, aí vai a...
Receita do cuxá
Lave bem a vinagreira (Hibiscus sabdariffa),
retire os talos e coloque-os em uma panela. Cubra com
água e leve ao fogo para cozinhar até que as folhas fiquem
macias. Retire-as com uma escumadeira e reserve a água de
cozimento.
Coloque no
processador 200g de gergelim torrado e bata até ficar moído. Junte
100g de farinha de mandioca e bata mais um pouco, para obter
uma mistura fina. Adicione as folhas cozidas reservadas,
300g de camarão seco sem pele e já retirado o sal,
cebolinha verde picada e pimenta malagueta à gosto. Bata
rapidamente até formar uma pasta. Não se deve bater muito,
porque a mistura fica amarga.
Transfira a mistura
para uma panela e cozinhe em fogo baixo, sem parar de mexer,
e adicionando aos poucos a água de cozimento da vinagreira. Retire
assim que obtiver um mingau de cor verde intensa. Sirva
quente, despejando sobre o arroz também quente ou
acompanhando peixe frito.
*Rose Aielo Blanco é jornalista e editora do site www.jardimdeflores.com.br
fonte: http://www.jardimdeflores.com.br/ervas/a42hibiscus.htm