sexta-feira, 18 de abril de 2014

NOITE DE GARCIA MARQUES


Noite dedicada a leitura ...
Estava entre um bom filme e uma leitura...
Mas não tem como não retomar ....
 Foto: Homenagem a Gabriel García Marquez.






“– Responda a ele que sim – disse.– Ainda que você esteja morrendo de medo, ainda que depois se arrependa, porque seja como for você se arrependera a vida inteira se disser a ele que não.” p.94

Mas ao contrário daquela vez não sentiu agora a comoção do amor e sim o abismo do desencanto. Num instante teve a revelação completa da magnitude do próprio engano.” p.131 

 

Era ainda jovem demais para saber que a memória do coração elimina as más lembranças e e enaltece as boas e que graças a esse artifício conseguimos suportar o passado.” p.134

Nunca teve pretensões de amar e ser amada, embora sempre nutrisse a esperança de encontrar algo que fosse como o amor, mas sem os problemas do amor.” p.188 
Foto: Gabriel García Márquez, Premio Nobel de Literatura 1982 y uno de los más grandes escritores de la lengua hispana, falleció este jueves a los 87 años de edad.

Adiós al realismo mágico.

Dizia: ‘Você me trata como se eu fosse um a mais.’ Ela dava uma risada de fêmea livre e dizia: ‘Pelo contrário: como se você fosse um a menos.’ E ele ficava com a impressão de que ela ficava com tudo, com uma veracidade mesquinha, e o orgulho se rebelava e saía da casa com a determinação de não voltar mais. Mas logo acordava sem motivo, com a lucidez tremenda da solidão no meio da noite, e a lembrança do amor ensimesmado de Ausência Santander lhe parecia como aquilo que era: uma armadilha da felicidade que o entediava e atraía ao mesmo tempo, mas da qual era impossível escapar.”


"Não revelara o segredo de seu amor nem mesmo à única pessoa que conquistara o direito de sabê-lo. [...] não porque não quisesse abrir para ela o cofre onde o guardara tão bem ao longo de meia vida, mas porque só então percebeu que tinha perdido a chave." 


 Foto: Revista Bula


Tinha que ensiná-la a pensar no amor como um estado de graça que não era meio para nada, e sim origem e fim em si mesmo.” (p. 362).

Antes que Florentino Ariza lhe contasse que a tinha visto, a mãe já o descobrira, porque ele perdeu a fala e o apetite e passava as noites em claro rolando na cama. Mas quando começou a esperar a resposta à sua primeira carta, sua ansiedade se complicou com caganeiras e vômitos verdes, perdeu o sentido da orientação e passou a sofrer desmaios repentinos, e a mãe se aterrorizou porque seu estado não se parecia com as desordens do amor e sim com os estragos do cólera. O padrinho de Florentino Ariza, antigo homeopata que tinha sido confidente de Trânsito Ariza desde seus tempos de amante oculta, se alarmou também à primeira vista com o estado do enfermo, porque tinha o pulso tênue, a respiração rascante e os suores pálidos dos moribundos. Mas o exame revelou que não tinha febre, nem dor em nenhuma parte, e a única coisa que sentia de concreto era uma necessidade urgente de morrer. Bastou ao médico um interrogatório insidioso, primeiro a ele e depois à mãe, para comprovar uma vez mais que os sintomas do amor são os mesmos do cólera.
O amor nos tempos do cólera, Gabriel García Márquez, p.81 e 82. Ed. Record, 2009.
Foto: "Te amo não por quem tu és, mas por quem sou quando estou contigo..."

Nesta quinta-feira, 17 de abril de 2014, o mundo perde o escritor colombiano Gabriel García Marquez. http://diariode.pe/nfa
Coisa bem diferente teria sido a vida para ambos se tivessem sabido a tempo que era mais fácil contornar as grandes catástrofes matrimoniais do que as misérias minúsculas de cada dia. Mas se alguma coisa haviam aprendido juntos era que a sabedoria nos chega quando já não serve para nada. 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário